República de Moçambique

Instituto Nacional de Meteorologia - Portal Agrometeorológico



A alta demanda por fontes de energia renováveis e a preocupação com a preservação do meio ambiente e produção de alimentos de suporte à população, têm colocado os países de todo o Mundo em estado de alerta, devido às necessidades de produção de energia limpa, e atendimento a uma população crescente, que afeta negativamente os recursos naturais, os recursos hídricos, e a própria capacidade de produção de alimentos.

Além disto, há a necessidade de se manter uma adequada produção e suprimento de alimento, de modo a evitar a migração populacional e manter um nível razoável de emprego e renda, equilibrando os sistemas de monocultura e os de alimento humano e animal. Considerando-se os diferentes cenários e adversidades meteorológicas e de crescimento populacional, cabe aos diferentes órgãos tanto públicos como privados, proporem soluções e medidas mitigatórias para reduzir estes efeitos negativos das adversidades climáticas sobre a produção de alimentos. Para resolver este cenário negativo o estabelecimento de políticas públicas para o desenvolvimento agrícola em função das características climáticas é de fundamental importância. Neste aspecto o zoneamento agrícola, e o zoneamento ecológico econômico fundamentado na potencialidade climática e edáfica de uma região, com as características sociais e econômicas da sociedade aliadas aos riscos e adversidades meteorológicas são de alta relevância.

O completo sucesso de um empreendimento agrícola está ligado a fatores econômicos, sociais, de infra-estrutura, viabilidade comercial entre outros, mas com certeza o clima e as variabilidades climáticas sazonais têm papel decisivo na implantação de uma exploração agrícola racional. Não só as oscilações sazonais, mas os impactos das adversidades meteorológicas têm papel importante no agronegócio. A isto, se adicionarmos os cenários estabelecidos de mudanças climáticas globais, podemos com certeza afirmar que a caracterização climática de uma região e a potencialidade de exploração agrícola está diretamente relacionada ao clima e suas interatividades. É bastante conhecida e estudada a interação genótipo x ambiente, e ela é fundamental nas decisões do manejo varietal. É comum a opção inadequada por uma variedade pelo desconhecimento do ambiente de produção e da interação ocorrente entre estes dois fatores. Isto por vezes leva a sub-produtividades agrícolas que se situam até 40% abaixo do “potencial ambiente”. Os últimos anos têm indicado uma séria crise econômica mundial, onde não só os países desenvolvidos foram duramente afetados gerando desemprego e recessão econômica, mas isto refletiu sensivelmente em países com economia menos estável e agravando problemas sociais e econômicos.

Neste contexto uma agricultura planejada e fundamentada em aspectos edafoclimáticos e fitotécnicos terá maiores chances de produzir renda e divisas.

Destacando o fator “clima”, podemos dizer que a potencialidade de exploração agrícola em função do clima, é determinada pelo Zoneamento Agroclimático, o qual combinado com Estudos Sócios Econômicos, significa determinar as regiões adequadas para exploração comercial de uma cultura em função dos elementos meteorológicos, enfatizando assim, o Zoneamento Agro-ecológico. Lembrando a importância dos fatores edaficos e em particular a fertilidade natural ou aplicada. Assim, na agricultura Pré Amazônica (derruba e queima) a fertilidade natural em muitas áreas das Machambas Moçambicanos, caiu para cerca de 25% do nível original após 7 anos de exploração, por causa que fertilizantes e “mulch” não são utilizados. Em qualquer caso, o fluxo de renda da família e o do preço de fertilizantes torna improváveis que o mesmo seja aplicado. Como resultado, mesmo uma Zona que é completamente ideal na base agro-meteorológica, o decréscimo na produção não tem nada com o clima (embora naturalmente em qualquer ano isto poderia ser o caso), mas esta diretamente relacionada com o declínio em fertilidade e exaustão do solo. Assim é sempre melhor falar em termos de BIOCLIMA, o qual leva em consideração fatores climáticos tais como: insolação; temperatura; e ciclo de água, combinados com fatores edáficos determinando a capacidade de retenção de água e conseqüentemente a disponibilidade de transferir água e nutrientes, mas também a disponibilidade de nutrientes no solo e sua adequação para as variedades especificas sob consideração. Isto indica que é possível ter melhores produções em zonas marginais onde solos são virgens do que em zonas ideais onde os solos estão exauridos.

Por outro lado, os chamados pacotes tecnológicos ideais devem vir de um entendimento da interação bioclima-genética onde o objetivo dos processos de pesquisa e desenvolvimento é determinar o melhor balanço entre fatores climáticos e tecnologias/técnicas agrícolas, para maximizar uma produção de maneira sustentável de qualquer variedade e também minimizar impactos ecológicos e providenciando rendimentos reais. Todas as lógicas para melhoria de métodos de produção é fundamentada nos estados observados da relação que existe na interação entre uma variedade de fatores climáticos e edaficos, incluindo fertilidade.

Programas de melhoramento, por exemplo: tentam modificar o genótipo e dar ganho de adaptabilidade dentro das variações de probabilidade de padrões bioclimaticos e facilidade de praticas culturais.

Além disto, o zoneamento agro-ecológico pode fornecer informações complementares sobre o risco climático em determinadas fases da cultura como: altas ou baixas temperaturas, seca ou chuva em excesso, indicando assim o risco climático e a viabilidade de sucesso e produção. No contexto geral do presente trabalho pretende-se melhorar a qualidade da informação agronômica, e meteorológica, além de caracterizar as micro-regiões aptas à exploração agrícola das culturas do algodoeiro, batata reno, caju e mandioca promovendo emprego e renda, favorecendo a melhoria social e cultural da sociedade e do povo Moçambicano. Além disto, acoplar ao trabalho já realizado sobre as Zonas Agroecológicas, informações fitotécnicas e de sustentabilidade agrícola, divulgando à população, agricultores e sistema produtivo em geral informações agrometeorológicas e climatológicas sistematizadas importantes no planejamento e uso racional da terra e da água, assim como preservação dos recursos hídricos e sustentabilidade ambiental.




Planilhas

4 - Mapas das exigências climáticas das culturas